transverso
aqui ou em outro lugar. um corpo contêiner. encontro dialógico. metabólico. um mapa de papel e terra. nele uma lâmina de vidro por entre linhas texturas pensamentos. um verso livre desmetrificado reto e de través. pausas e movimentos espontâneos. transcriação. uma lupa para tantos pingos nos is. a intimidade invadida por uma estética capaz de mostrar nosso lugar no tempo. uma ampulheta numa nova medida do espaço. um corpo museu onde tudo é surpresa. como no ato criador. nasce da imprecisão da vista. transmuta-se. o movimento em direção ao outro. um lugar de ir ficando e estar juntos. pode ser um caminho. cabeça pés e uma alma elástica. uma faísca de som no ar. um espanto. estar a caminho. descobrir o olhar que o olho esqueceu e olhar dentro do outro sabendo que entre a terra e o céu existe o vazio. outro continente sem começo nem fim. é como estar em todos os lugares. imaginar representações do mundo sem imaginar o medo. a neutralidade é uma forma de hipnose. na incapacidade existe o desejo da arte. que nada explica. uma busca pelo fazer singular na presença das diferenças. criar uma geografia de fluxos. a representação da experiência como uma utopia e uma memória que pensa o presente. uma lousa palimpsesto. onde estamos e deixamos de estar. na natureza da arte ser e não ser. quer explicar. mas tudo cabe no poema. versar. no labirinto perder-se ou achar-se em definitivo. uma metáfora onde o saber é igual ao não saber. transcender. um sol de raio antioxidante. o sonho possível. nem ação nem reação. transformance. imagens em profusão. urgências estampadas no rosto de cada um. um entre tantos. tantos no um. o homem dá uma cabeçada no peito de outro. imagem. a construção de sentidos. a vida não explica a arte. falamos de invisíveis. querer comer o mundo. indizíveis. ainda assim. relações a perder de vista. experimentos de cozinha alquímica. sem receitas. tudo é assim. e mais ainda assado. o silêncio no retângulo branco. é o vazio mais palpável. vazado de raios que sustentam uma linha do horizonte. o desenho de uma mão que desenha. perspectivas do mundo. do tudo pleno. o retrato do autorretrato. espelhos olham espelhos. recortam o contorno do rosto monumento. não há mais os olhos. há a imagem de um olhar. nunca estive lá, mas o conheço desde o começo. o pequeno arquipélago. entrar até o fim. e quanto mais para dentro mais para fora. a ideia encontra um caminho. pertinência e existência. sempre uma nova invenção. do começo. num toque. num suspiro. de água sanguevinhonanquim. uma cor. qualquer cor e não cor. a brincadeira mais séria do mundo. história. sempre contamos outras.
Claudio Cretti
Claudio Cretti
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